sábado, 24 de fevereiro de 2007

O pranto da areia



"Assim que chegou a Marrakesh, o missionário resolveu que passearia todas as manhãs pelo deserto que ficava nos limites da cidade. Na sua primeira caminhada, notou um homem deitado nas areias, com a mão acariciando o solo, e o ouvido colado na terra.
“É um louco”, disse para si mesmo
.

Mas a cena repetiu-se todos os dias, e passado um mês, intrigado com aquele comportamento estranho, ele resolveu dirigir-se ao estranho. Com muita dificuldade – já que ainda não falava árabe fluentemente – ajoelhou-se ao seu lado.
- O que estás a fazer?
- Faço companhia ao deserto, e o consolo por sua solidão e suas lágrimas.
- Não sabia que o deserto era capaz de chorar.
- Ele chora todos os dias, porque tem o sonho de tornar-se útil ao homem, e transformar-se num imenso jardim, onde se pudesse cultivar cereal, flores, e carneiros.
- Pois diga ao deserto que ele cumpre bem a sua missão – comentou o missionário. – Cada vez que caminho por aqui, entendo a verdadeira dimensão do ser humano, pois o seu espaço aberto me permite ver como somos pequenos diante de Deus.

Quando olho as suas areias, imagino as milhões de pessoas no mundo, que foram criadas iguais, embora nem sempre o mundo seja justo com todos. As suas montanhas me ajudam a meditar. Ao ver o sol nascendo no horizonte, minha alma se enche de alegria, e me aproximo do Criador.”

O missionário deixou o homem, e voltou para os seus afazeres diários. Qual foi sua surpresa, na manhã seguinte, ao encontra-lo no mesmo lugar, e na mesma posição.
- Você comentou com o deserto tudo que lhe disse? – perguntou.
O homem acenou afirmativamente com a cabeça.
- E mesmo assim ele continua chorando?
- Posso escutar cada um de seus soluços. Agora ele chora porque passou milhares de anos pensando que era completamente inútil, e desperdiçou todo este tempo blasfemando contra Deus e seu destino.
- Pois conte para ele que, apesar do ser humano ter uma vida muito mais curta, também passa muitos de seus dias pensando que é inútil. Raramente descobre a razão do seu destino, e acha que Deus foi injusto com ele. Quando chega o momento em que, finalmente, algum acontecimento lhe mostra o porque de ter nascido, acha que é muito tarde para mudar de vida, e continua sofrendo. E como o deserto, culpa-se pelo tempo que perdeu.
- Não sei se o deserto ouvirá – disse o homem. – Ele já está acostumado com a dor, e não consegue ver as coisas de outra maneira.
- Então vamos fazer aquilo que eu sempre faço quando sinto que as pessoas perderam a esperança. Vamos rezar.
Os dois ajoelharam-se e rezaram; um virou-se em direção a Meca porque era muçulmano, o outro colocou as mãos juntas em prece, porque era católico. Rezaram cada um para o seu Deus, que sempre foi o mesmo Deus, embora as pessoas insistissem em chamá-lo por nomes diferentes.
No dia seguinte, quando o missionário retomou a sua caminhada matinal, o homem não estava mais lá. No lugar onde costumava abraçar a areia, o solo parecia molhado, já que uma pequena fonte tinha nascido. Nos meses que se seguiram, esta fonte cresceu, e os habitantes da cidade construíram um poço em torno dela.

Os beduínos chamam o lugar de “Poço das lágrimas do deserto”. Dizem que todo aquele que beber de sua água, irá conseguir transformar o motivo do seu sofrimento, na razão da sua alegria; e terminará encontrando seu verdadeiro destino. "
In - Guerreiro da Luz Online - Paulo Coelho

domingo, 18 de fevereiro de 2007

O meu Deus


"Eu não te falo do meu Deus. Olha para a minha humanidade e através

da minha humanidade perceberás quem é o meu Deus!"
Teófilo de Antioquia

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Eu Queria Ser


VIDA, Para fazer nascer os que estão a morrer...

SOL, Para fazer brilhar os que não possuem lua...

LUZ, Para iluminar os que vivem na escuridão...

CHUVA, Para correr toda a terra, molhar os campos secos e devastados...

LÁGRIMA, Para fazer chorar os corações insensíveis...

VOZ, Para fazer falar os que sempre se ocultaram...

CANTO, Para alegrar os que vivem na tristeza...

LUAR, Para brilhar na noite dos amores incompreendidos...

FLOR, Para enfeitar os jardins no outono...

SILÊNCIO, Para fazer calar as vozes que atordoam o coração do homem...

SINO, Para repicar os Natais dos que possuem recordação amarga...

DOR, Para amargar no peito dos infiéis...

GRITO, Para gritar a dor dos que sofrem no silêncio...

OLHOS, Para fazer enxergar os cegos de Verdade...

FORÇA, Para fugir dos que utilizam para o mal...

SORRISO, Para encantar os lábios dos amargurados...

SONHO, Para colorir o sono dos realistas petrificados...

VÁCUO, Para trazer de volta os que partiram deixando saudades...

AMANHECER, Para fazer um dia a mais de felicidade sobre a Terra...

NOITE, Para acalentar os que lutam durante o dia...

AMOR, Para unir as pessoas ... e lhes dizer que sou apenas uma delas...

Para ir de micro em micro passando uma mensagem de alegria...

Desconheço o autor.
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